quarta-feira, 25 de março de 2009


Mito e poiesis na Scienza Nuova
Resumo da monografia

Para o pensador Giambattista Vico (1668 -1744), a interpretação do logos originário é de grande importância para a compreensão do pensamento dos primeiros homens. É preciso que meditemos sobre as suas formas de expressão: algo que só poderá ser feito mediante uma reflexão sobre o mito e a poesia da humanidade primitiva. Na sua obra principal, Principi di Scienza Nuova, de 1744, Vico aborda a problemática de como os mitos foram importantes para a construção da vida social das primeiras nações. A relação entre mito, poesia e linguagem é mediação necessária para interpretação do logos primitivo.
A relevância desta pesquisa consiste na apresentação da reflexão viquiana das origens, ou seja, das causas e do por quê do homem transformar-se de “besta solitária” em “ser sociável”: a natureza humana era tema fundamental do século XVII. Apesar de não possuir grande fama e notoriedade em seu tempo, o pensamento viquiano despertou o interesse de estudiosos não só na Itália e na Europa, mas em outros países e continentes, em razão da originalidade e distinção de suas idéias em relação às dos seus contemporâneos. Se algumas das idéias de Vico são tidas como “ingênuas” e “fantásticas”, isto se deve, a rigor, ao caráter imaginativo delas: característica essencial do conhecimento humano.

A importância da questão do mito e da poiesis, para a construção da nuova scienza viquiana, é o tema central da presente monografia. Embora seja tarefa penosa a tentativa de compreensão do pensamento viquiano, dada à ambigüidade do seu modo de expressão e de pensamento, tornam, este estudo, porém, um desafio. Destaca-se aqui a importância atribuída, por Vico, à criação do mito e ao surgimento da poesia: o primeiro modo de expressão “vulgar” (volgare) que não deve ser compreendido como expressão pejorativa, mas, em especial, como modo de expressão simples e comum aos primeiros povos.
A busca viquiana de compreensão do pensamento dos primórdios, nas suas formas primitivas de expressão, evidencia a relevância da sua reflexão sobre a criação histórica. Evidencia, também, a presença de uma “metafísica
poética” (metafisica poetica), que antecede o advento do pensamento racional. Daí a proposta viquiana de uma reforma do saber, por causa dos rumos tomados pela Ciência e pela Filosofia na experiência moderna. Trata-se aqui de pensar a nova metafísica proposta por Vico, como nuova scienza, num tempo em que predominava a evidencia racional da filosofia cartesiana.
Os comentaristas da obra viquiana são unânimes em afirmar que Vico foi, a princípio, um grande admirador de René Descartes (1596-1650). Este último chegou mesmo a influenciar os seus escritos: tanto na metodologia quanto no ideário. Peter Burke defende que Vico tinha a pretensão de apresentar as conclusões elementares, da Scienza Nuova, à maneira do método geométrico cartesiano. Igualmente, a própria Autobiografia de Vico teve como modelo a narrativa do Discurso do Método (1637). Posteriormente ocorreu um desencanto: Vico passou a hostilizar as idéias cartesianas. Na obra De nostri temporis studiorum ratione (1708), ele principia os seus ataques contra o cartesianismo, por ser o método de Descartes um risco, dado o seu primado da dedução. Para Vico, trata-se de algo insustentável, porque se descarta outras formas de conhecimento e faculdades como a imaginação, na qual reside a inventividade.
Palavras-chave: Mito. Poiesis. Ciência Nova.
Resumo
A metafísica conforme a concepção de Giambattista Vico

Giambattista Vico (1668-1744) viveu ao final do Renascimento, percebeu em sua época o grande surgimento de ciências e idéias dos mais diferentes matizes. Nas Ciências destacaram-se nomes como Newton, Galileu entre outros. Nas idéias, Descartes encontrava-se em ascensão quer no campo da Filosofia, quer no campo das Ciências. Destacavam-se também autores como Spinoza, Leibniz e Hobbes e outros. O nosso tema de estudo no presente trabalho, no entanto será a Metafísica, bem como o modo como Vico a compreende. Se até então os filósofos haviam compreendido a metafísica somente com base em uma ordem que subjaz à própria natureza, o autor se propõe a desvelar uma metafísica do mundo humano uma vez que esta se eleva mais alto que àquela elaborada pelos filósofos e contempla na Divindade “o mundo das mentes humanas”.

Palavras-chave: Metafísica. Ciência. Filosofia.
A QUERELA ENTRE ANTIGOS E MODERNOS: A RESPOSTA DE GIAMBATTISTA VICO

Autor: Marcos Aurélio da Guerra Dantas
Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Email: marteguerra@hotmail.com
Telefone: 86800863


Esta comunicação objetiva apresentar as críticas de Giambattista Vico (1668-1744) à ordem dos estudos que vigorava nas instituições de ensino de seu tempo, por volta dos séculos XVII e XVIII. Ao escrever as suas primeiras obras, Vico reconhece o valor das descobertas científicas dos modernos, no entanto ele destaca a importância dos studia humanitatis. Para Vico é preciso reconhecer os avanços das ciências modernas sem refutarmos o contributo da tradição. Em sua obra De nostri temporis estudiorum ratione, de 1709, Vico tecerá as suas primeiras críticas aos métodos de ensino prevalentes. Ele conclui que eram inadequados, quer o modelo dos jesuítas do Ratio Studiorum, extremamente conservador, quer os manuais de Port Royal fundamentado nas idéias cartesianas. Tais métodos de ensino acarretariam prejuízos para as crianças, visto que impediam o desenvolvimento natural da percepção, da memória e da imaginação. Prejuízos estes que se apresentariam na vida prática quando adentrassem ao convívio da sociedade.

Palavras-chave: Crítica. Método. Prejuízo.